quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

Pepino

Deu no jornal A CIDADE, de Angra dos Reis, edição de 17/11/06:



Metalúrgico é socorrido com pepino naquele lugar. Esposa fica chocada e afirma que o marido não tem história de homossexualismo. Sofrimento da vítima durou 11 horas.

R., de 49 anos, funcionário do estaleiro Brasfels, onde teria função de chefia, foi atendido de emergência no Pronto Socorro Municipal, às 3h30 da tarde de segunda-feira, dia 13, aos gritos e se contorcendo de dores. Ele estava com um pepino de 25 centímetros de comprimento e 8 de diâmetro enfiado pelo ânus. O vegetal entalou, desceu e foi parar no sigmóide, a curvatura em forma de gancho do intestino.

O sofrimento do funcionário durou mais de 11 horas, até por volta das 1 Ih da noite, quando foi submetido a delicada operação anal para a retirada do grosso vegetal. Antes de o Raio X revelar o que tinha acontecido, ele era consolado e acariciado pela esposa com muito amor e carinho. Depois, ela ficou chocada, com muita vergonha, e sumiu.

Antes de desaparecer, a mulher garantiu aos funcionários do Pronto Socorro que o "marido não tinha histórico de homossexualismo".

O acidente com o pepino aconteceu logo depois do almoço, no banheiro de sua luxuosa casa em Jacuecanga. Ele foi socorrido pela mulher, que correu com o marido para o posto de saúde de Jacuecanga. R. não dizia o que tinha, só contorcia e gritava de dor. Por isso, foi encaminhado em caráter de emergência para o Pronto Socorro Municipal, no centro da cidade.

Dores fortes e comoção
A chegada de R. ao Pronto Socorro, por volta das 3h30 da tarde de segunda-feira, dia de grande movimento, provocou comoção entre os pacientes, que viam um homem jovem, forte e bonito se contorcer e gritar, pedindo que o socorressem imediatamente.

Diante do quadro dramático, o paciente foi rapidamente atendido por médicos e enfermeiras, todos muito preocupados, mesmo porque ele era conhecido de várias pessoas que trabalham no Pronto Socorro. A esposa acompanhava tudo, também chorando, consolando e pedindo paciência ao marido.

Raio X revela a causa
R., em momento algum, dizia o que tinha acontecido. O médico plantonista pediu o Raio X, que mostrou o pepino, de tamanho avantajado, parado no sigmóide. Foi um momento de suspense.

O plantonista achou melhor conversar com outros médicos. Havia um problema bem grave.

A retirada do pepino pelo ânus, por onde entrou, poderia provocar a quebra do vegetal. Se isso acontecesse, seria preciso fazer uma laparostomia, abrindo a barriga pela frente para retirar o pepino.

Depois de muita hesitação, a esposa de R. foi comunicada da causa das dores do marido e dos procedimentos médicos necessários. A mulher ficou pálida, extremamente chocada, chegou a gritar que o marido "não era veado nem tinha histórico de homossexualismo". Pouco depois, caiu em si, abandonou o marido e sumiu do Pronto Socorro.

Onze horas de sofrimento
O certo seria retirar o pepino pelo ânus, mas tinha outro problema: R. tinha almoçado por volta das 2 horas da tarde e não poderia tomar anestesia geral antes de passar oito horas. A aplicação da anestesia então ficou marcada para às 10h da noite.

Neste período, R. recebeu alguns medicamentos contra a dor, mas nenhum tinha efeito efetivo para minorar o sofrimento, já que o pepino provocava fortes contrações no intestino.

Pouco depois das 10h da noite, R. foi finalmente levado para a mesa de operação, onde foi preparado para qualquer eventualidade, caso fosse necessária uma laparostomia.

Em meio a todas as dores e sofrimento, R. teve uma grande sorte. A anestesia relaxou seu ânus. O cirurgião se animou, colocou as longas luvas nas mãos, respirou fundo e enfiou a direita pelo ânus, que foi bem dilatado, até atingir o sigmóide.

Conseguiu segurar o pepino com firmeza, mas sem apertar, e começou a puxar para fora, devagar e com muito cuidado. Essa operação durou uns dez minutos, mas finalmente o pepino saiu intacto, sem deixar seqüelas no intestino, mas o ânus ficou prejudicado pela grande dilatação que sofreu.

Momento de fraqueza
No dia seguinte, já a tardinha, R. recebeu alta, receita com medicamentos e pomadas para passar no ânus. Não parecia estar envergonhado. Perguntou pela esposa, que não apareceu mais no Pronto Socorro, e deixou bem claro, antes de deixar a enfermaria, falando com voz grave e enérgica. "Não sou veado. O que aconteceu, foi um momento de fraqueza", afirmou R.

Nenhum comentário: