terça-feira, 6 de abril de 2010

Jorjao

Se havia algo que deixava o Delegado Carlos Henrique consternado era choro de mulher. Ainda mais quando ela tinha 30 anos, era bonita e sensual:
- Mas o que foi que aconteceu, meu anjo? Conta pra mim.
Maristela, era esse o nome da vítima, fez beicinho:
- Ele me bateu. Ele não se conformou...
Dr. Carlos Henrique trincou os dentes:
- Ele, quem?
- O Jorjão.
Sentiu o peito arfar:
- E quem é esse Jorjão?
- É... Bem, como eu posso dizer? Ah, deixa pra lá, doutor. Acho melhor
não registrar nada.
Dr. Carlos Henrique pousou a mão naquele ombro macio, carnudo:
- Posso lhe dizer uma coisa?
Maristela ficou em silêncio.O delegado insistiu:
- Com toda a experiência?
Ela balançou a cabeça, afirmativamente:
- Pode.
- Se você não denunciar esse patife, ele vai te bater de novo.
Ela abriu o olho roxo e disse:
- O senhor acha?
- Tenho certeza, meu doce - e alisou o hematoma - Aliás, vou expedir uma
guia para o Instituto Médico-Legal fazer o exame de corpo de delito.
Está horrível...
Apesar dos pesares, ela sorriu:
- O senhor ainda não viu nada.
- Ele fez pior ainda?
Maristela pôs a mão na coxa:
- Me deu um chute aqui...
- Ficou a marca?
- Uma mancha enorme.
- Entre aqui no meu gabinete, que eu quero ver.
- Então, feche a porta, doutor.
Dr. Carlos Henrique deu três voltas com a chave e mais quatro com o
ferrolho. Tapou o buraco da fechadura com uma fita adesiva e perguntou:
- Assim está bom?
- Ótimo. Agora, ligue o ar e prepare uma bebida para nós dois.
- Vinho?
Maristela mordeu o lábio ferido e exigiu:
- Se tiver uísque, eu prefiro.
- Tenho sempre um litro guardado para essas emergências, meu anjo.Puro ou
com gelo?
- Puro.
O delegado serviu duas doses. Maristela pegou a sua e bebeu tudo em
apenas três goles.
Estalou os beiços:
- Vou tirar a roupa.
- Mostra tudo, meu doce. Quero ver todos os hematomas.
- Apaga aquela luz ali. Deixa só a do corredor...
Dr. Carlos Henrique estava arrepiado:
- Isto aqui tá parecendo estúdio da Playboy...tira tudo, meu anjo, tira.
- Tô tirando...pronto...
O delegado, nervoso:
- Preciso acender. Quero ver de perto para poder descrever nos autos...
EPA! !!
- Que foi, doutor?
-Você é homem, cara!
- É com isso que o Jorjão não se conforma Doutor.

Nenhum comentário: